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terça-feira, 10 de junho de 2008

50 anos

Quantas formas e palavras serão existentes para descrever um sentimento tão forte como o Orgulho?

Fico aqui a pensar como seria descrever o amor que tenho pelo meu pai traçando o caminho do sentido dessa palavra.

Não se trata de algum mito de "pai herói", ou de complexidades freudianas. Mas pura e simplesmente de orgulho.

Orgulho por ele nadar nas manhãs de sol e olhar para as montanhas, orgulho por se sentar na frente do som e ouvindo Secos e Molhados se virar para mim com os olhos cheios de lágrimas. Orgulho por vê-lo me ver pela primeira vez em cena e desabafar um "você leva jeito, graças a Deus!", e muito orgulho e nó na garganta por ler lindas palavras a me dizer "você me mostra que tudo valeu a pena". Sim, orgulho do orgulho, amor que se dá pelo amor. Em cada gesto, em sua poesia, em sua sensibilidade tão bonita, que após trabalhar doze horas ininterruptas me liga em Londres só para dizer que o cansaço e o mau humor passaram, pois descobriu que a Bossa Nova comemora 50 anos, e que, ao ver um programa sobre isso na tv se lembrou o quanto a vida pode ser suave, nos embalar e emocionar. Que orgulho da simplicidade das coisas grandiosas.

E junto com a Bossa Nova ele também chega hoje aos cinquenta. Número redondo, e não podia ser mais apropriado tal comemoração dupla.

Consegue fazer da dor poesia, e é daí também que tirei o meu modo encantado de ver a vida.

A  imagem da figura do pai, que se silencia por um amor calado, é presente no meu sim, mas ele é diferenciado. Claro que é porque é o meu, mas também porque me teve aos 22 anos, porque se jogou na vida novo, e nunca se ausentou de nós. Deu a nós 4, sim, 4 filhos, uma vida de conforto, uma vida de afeto, uma vida de sonhos. E como é bom aprender a fazer piada do próprio cansaço, nadar olhando para as montanhas e chorar ouvindo Secos e Molhados.

Quando eu era criança ele escreveu no chão com um galho de árvore ,"No ano tal, Julietinha vai ter uma casa". A casa, aquela casa, com piscina e quintal não chegou, e isso foi só porque ela nunca precisou existir, a casa já estava ali. E é ele mesmo. Como é bom ter tanto, tanto orgulho de mostrar por essas linhas a casa tão cheia de cores, beleza, senso de humor, generosidade, garra e amor a que pode se chamar senhor Haroldo(agora já senhor né!).

2 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre você nos encanta com suas doces palavras.Seu pai ainda não leu mais sei que ficará profundamente emocionando e tambem muito orgulhoso da filha querida que você é.
beijos,
mamãe bebel

Anônimo disse...

Que texto lindo, Julieta!
Por intermédio dele que eu fiquei sabendo que, hoje, seu pai "cinquentou".Vou cumprimentá-lo mais tarde,com muito prazer.Parabéns prá ele, neste ano especial,três lindos presentes: um neto(Gabriel), o casamento da filha(Julieta) e consequentemente, mais
um filho(Leonardo).
Parabéns prá você, também.
Rosâni